Este artigo inicia a série de contribuições a serem oferecidas sob a égide da editoria de economia mineral do site Portal do Geólogo.
Ao longo de mais de 30 anos de exercício profissional, constatei o relativo desconhecimento que a economia mineral, enquanto área de especialização, encerra para um número significativo de profissionais. Assim sendo, elegemos iniciar a série de artigos com uma aproximação, ainda que sintética, do tema.
A definição de economia mineral foi bastante analisada na literatura especializada no início dos anos 70. À época, os principais cursos de economia mineral (mestrado e doutorado) nos Estados Unidos – Colorado School of Mines, The Pennsylvania State University e Universidade de Columbia - tinham alguns anos de existência e a fixação do conceito ainda estava em consolidação. Nos anos subsequentes, outras universidades nos Estados Unidos (Berkeley, West Virginia e Arizona), no Canadá (McGill e Queen´s), na Inglaterra (Imperial College e Leeds) e na África do Sul (Witwatersrand) implantaram iniciativas semelhantes. No Brasil o primeiro curso de economia mineral, em nível de especialização, foi oferecido pela Fundação Getúlio Vargas em convênio com o Ministério de Minas e Energia em 1972. O programa de treinamento objetivava capacitar os técnicos do MME, assim como o treinamento de novos quadros a serem contratados. Destaque-se que essa iniciativa foi considerada auspiciosa por número expressivo de profissionais egressos do programa.
Entre os trabalhos clássicos que referenciam a conceituação de economia mineral merece registro, pelo seu pioneirismo, o artigo de David Brooks publicado nos anais da Convenção Anual de 1967 da American Society for Engineering Education: “Mineral Economics as Economics”. Posteriormente, o renomado geólogo W. Keith Buck, à época diretor da Divisão de Recursos Minerais do Departamento de Energia, Minas e Recursos do governo canadense, publicou “Mineral Economics – its definition and application” (Mineral Bulletin. MR 127. Maio, 1972). Naturalmente, outros trabalhos exploraram o tema sendo que no Brasil o pioneirismo da abordagem coube ao Cláudio Margueron.
Sinteticamente, pode-se definir a economia mineral como a área do conhecimento responsável pela aplicação dos princípios, das metodologias e do instrumental de análise e avaliação econômica e financeira à indústria de mineração. A economia mineral principia na abordagem dos bens minerais enquanto recursos naturais e incorpora, à jusante, as vertentes da alocação do capital no longo prazo, seja sob a ótica do setor privado seja sob a ótica pública (recursos nacionais). Nesse contexto sistêmico, estariam contempladas todas as etapas e áreas de concentração críticas do setor, a saber:
· Disponibilidade de recursos e reservas – quantidade, qualidade, localização etc;
· Suprimento & demanda – regional, nacional e internacional;
· Exploração, desenvolvimento, lavra, transporte e processamento;
· Elaboração, análise & avaliação de projetos;
· Usos e mercados – competição, substituição, reciclagem, formação de preços etc;
· Evolução tecnológica & impacto econômico;
· Meio ambiente & desenvolvimento sustentável;
· Fluxos financeiros, estrutura corporativa & planejamento estratégico;
· Política mineral – formulação, análise, arcabouço legal, tributação etc.
Por motivos óbvios, a discriminação acima é meramente introdutória. Para uma visão mais detalhada, sugere-se consultar o trabalho de Keith Buck assim como visitar os sites das instituições de ensino com programas de pós-graduação com concentração, pelo menos parcial, em economia mineral. A seguir apresenta-se alguns links selecionados:
No Brasil, as únicas instituições que oferecem cursos com disciplinas associadas ao ensino da economia mineral são:
Ø Departamento de Geologia e Recursos Naturais - DGRN do Instituto de Geociências da UNICAMP / http://www.ige.unicamp.br
Ø Instituto de Geociências da UFRJ / http://www.ufrj.br
Em nível de América Latina, merece destaque a iniciativa da Universidade do Chile que lançou, em abril de 2001, programa de pós-graduação em economia mineral. O curso conta com o suporte de docentes do Programa de Mestrado em Economia Mineral da Western Australian School of Mines – WASM da Curtin University.
Finalmente, apresentam-se os links para as principais associações de profissionais especializados em economia mineral:
¤ A Canadian Institute of Mining, Metallurgy and Petroleum – CIM mantém a Mineral Economics Society – MES / http://www.cim.org/mes/index.cfm
¤ A Society for Mining, Metallurgy and Exploration - SME concentrou todos os programas e iniciativas relacionadas com a economia, os negócios e a gestão no Minerals Resource Management Committee cujo mandato é servir de elo de ligação entre as diferentes divisões da SME.
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